Capitães da areia

sábado, 2 de julho de 2011



Na escola em que estudava todo bimestre tínhamos que ler clássicos da literatura brasileira, confesso que nem todas as vezes conseguia adquirir o gosto pelo livro, afinal, a escola passava muitos livros para pouco tempo, no entanto, um dos que ficou na minha memória foi “capitães da areia” de Jorge Amado, quando o li, houve um encontro comigo mesma, parava a cada instante para pensar na minha vida confortável e nas injustiças do mundo.


O livro mostra a realidade de meninos abandonados pelos pais, órfãos ou incentivados pelos amigos a fugir de casa. Relata a realidade da época em relação ao reformatório, onde os jovens eram maltratados, e a visão de mundo desses garotos, que preferem ficar na rua ao invés de ir para o orfanato.


Trechos retirados da parte do livro em que Pedro Bala (Chefe do grupo, os capitães da areia) vai é levado ao reformatório:


 [... -- Agora os jornalistas já foram, moleque. Tu agora vai dizer o que sabe queira ou não queira. 

  O diretor do reformatório riu: 

  -- Ora, se diz... 

  O investigador perguntou: 

  -- Onde é que vocês dormem? 

  Pedro Bala o olhou com ódio: 

  -- Se tá pensando que eu vou dizer... 

  -- Se vai... 

  -- Pode esperar deitado. 

  Virou as costas. O investigador fez um sinal para os soldados. Pedro Bala sentiu duas chicotadas de uma vez. E o pé do investigador na sua cara. Rolou no chão, xingando. 

  -- Ainda não vai dizer?  -- perguntou o diretor do reformatório. -- Isso é só o começo. 

  -- Não.

  Agora davam-lhe de todos os lados.  Chibatadas, socos pontapés. O diretor do reformatório levantou-se, sentou-lhe o pé Pedro Bala caiu do outro lado da sala. 

Nem se levantou. Os soldados vibraram os chicotes...]


[... Ouviu o Bedel Ranulfo fechar o cadeado por fora. Fora atirado dentro da cafua. 

Era um pequeno quarto, por baixo da escada, onde não se podia estar em pé, porque não havia altura, nem tampouco estar  deitado ao comprido, porque não havia comprimento. Ou ficava sentado, ou deitado com as pernas voltadas para o corpo numa posição  mais que incômoda. Assim mesmo Pedro Bala se deitou.  Seu corpo dava uma volta e seu primeiro pensamento era que a cafua só servia para o homem-cobra que vira, certa vez, no circo. Era totalmente cerrado o quarto, a escuridão era completa. O ar entrava pelas frestas finas e raras dos degraus da escada. Pedro Bala, deitado como estava, não podia fazer o menor movimento. Por todos os lados as paredes o impediam. Seus membros doíam, ele tinha uma vontade doida de esticar as pernas. Seu rosto estava cheio de equimoses das pancadas na polícia...]


O que acharam do livro? Comentem!

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